sexta-feira, 21 de setembro de 2012

Falando um pouco mais sobre TDAH



“Meu filho não para quieto, não para nem para comer. Na sala de aula fica se remexendo na 
cadeira, levanta sempre e não para, pula, grita. Na hora de fazer o dever de casa é a mesma 
coisa, se mexe o tempo todo, o material caí, a lição fica por fazer. Ele está sempre a “mil por 
hora” e só “desliga a bateria” quando dorme. Já fui chamada na escola três vezes este mês. 
Ele não presta atenção em nada, vive no “mundo da lua”, brinca o tempo todo. Já botei de 
castigo, bati, gritei, tirei a televisão e o videogame do quarto... Nada funciona. E ainda por 
cima,tem gente que acha que á a mãe que não sabe dar educação ao filho!”

Histórias como esta se repetem diariamente em consultórios médicos e psicológicos e o 
grau de  sofrimento e desgaste de pais, educadores e da própria criança são incalculáveis.
O TDAH é um dos transtornos comportamentais com maior incidência na infância e na 
adolescência. Pesquisas realizadas em diversos países revelam que o TDAH está presente 
em torno de 5% da população em idade escolar. Trata-se de uma síndrome clínica 
caracterizada basicamente pela tríade sintomatológica: déficit de atenção, hiperatividade e 
impulsividade. 
Na maioria dos casos, as pessoas com TDAH são inquietas – não permanecem paradas 
nem sossegadas por muito tempo e detestam coisas monótonas e repetitivas, além de serem 
impulsivas no seu dia-a-dia. São pessoas que vivem trocando de interesses e planos e tem 
dificuldades em levar as coisas até o fim. A criança pode apresentar-se inquieta, não 
conseguindo permanecer sentada, abandonando sua cadeira em sala de aula ou durante o 
almoço de família. Está sempre “a mil por hora” ou como se estivesse “ligado em uma tomada 
de 220 volts”, fala em demasia e dificilmente brinca silenciosamente, estando sempre gritando. 
Os pacientes com este diagnóstico apresentam prejuízos no desempenho acadêmico e social, 
pois têm dificuldade em organizar-se, manter atenção em sala de aula, realizar deveres 
escolares ou permanecer sentados ou quietos.
As causas do TDAH ainda não estão bem estabelecidas. Acredita-se em uma origem
que envolve diversos fatores, sendo que o mais importante deles seria a herança genética.
O diagnóstico do T.D.A.H. é essencialmente clínico. Não existem exames laboratoriais
ou de imagem que faça o diagnóstico. A investigação do TDAH envolve detalhado estudo
clínico através de avaliação com os pais, com a criança e com a escola. Escalas de avaliação
padronizadas para pais e professores podem ser utilizadas. A avaliação com  os pais deve
abranger uma história detalhada de todo o desenvolvimento da criança ou adolescente
contendo desde a história gestacional da mãe até os dias atuais.
O TDAH caracteriza-se por uma combinação de dois grupos de sintomas que devem
ocorrem frequentemente.
1. Desatenção;
2. Hiperatividade e impulsividade.
Os sintomas de desatenção:

  •  Prestar pouca atenção a detalhes e cometer erros por falta de atenção, 
  •  Ter dificuldade de concentração (tanto nas tarefas escolares quanto em jogos e brincadeiras)
  •  Parecer estar prestando atenção em outras coisas numa conversa.
  •  Ter dificuldade em seguir as instruções até o fim ou deixar tarefas e deveres sem terminar.
  •  Ter dificuldade de organizar-se para fazer algo ou planejar com antecedência. 
  •  Demonstrar relutância ou antipatia em relação a tarefas que exijam esforço mental por muito     tempo (tais como estudo ou leitura)
  •  Perder objetos necessários para realizar as tarefas ou atividades do dia-a-dia.
  •  Distrair-se com muita facilidade com coisas à sua volta ou mesmo com os próprios pensamentos.
  •  É comum que pais e professores se queixem de que estas crianças parecem “sonhar acordadas”. 
  •  Esquecer coisas que deveria fazer no dia-a-dia. 

Sintomas de hiperatividade/impulsividade:

  •  Ficar mexendo as mãos e pés quando sentado ou mexer-se muito na cadeira.
  • Ter dificuldade de permanecer sentado em situações em que isso é esperado (sala de aula,           mesa de jantar, etc).
  • Correr ou escalar coisas, em situações nas quais isto é inapropriado (em adolescentes e adultos pode restringir-se a uma sensação de inquietude por dentro).
  • Ter dificuldade para manter-se em atividade de lazer (jogos ou brincadeiras) em silêncio. 
  •  Parecer ser “elétrico” e a “mil por hora”. 
  •  Falar demais.
  •  Responder a perguntas antes de elas serem concluídas. É comum responder uma    pergunta sem lê-la até o final. 
  •  Não conseguir aguardar a sua vez (nos jogos, na sala de aula, em filas etc.).
  •  Interromper os outros ou intrometer-se nas conversas alheias. 
  • Existem três tipos de TDAH:
1- Forma predominantemente desatenta, quando existem mais sintomas de desatenção.
    Esta é a forma mais comum na população em geral.
      2- Forma predominante hiperativa/impulsiva, quando existem mais sintomas de
        hiperatividade e impulsividade.
          3- Forma combinada, quando existem muitos sintomas de desatenção e de hiperatividade
            e impulsividade. Está é a forma mais comum nos consultórios e ambulatórios,
              provavelmente porque causa mais problemas para o próprio portador e para os demais,
                o que leva os pais a procurarem ajuda para o filho.
                  Embora os sintomas possam estar presentes desde muito cedo, quanto as crianças entram
                    na escola, costumam tornar-se mais evidentes por volta dos 7 anos.
                      Atualmente, sabe-se que é muito comum a existência de problemas emocionais em
                        conjunto com TDAH. Aliás, o próprio TDAH é classificado como um transtorno psiquiátrico e
                          não como um transtorno neurológico. As crianças portadoras de TDAH apresentam mais
                            problemas psicológicos que as crianças apenas portadoras de dificuldades escolares (por
                              outras razões), mas que não tem TDAH. Baixa auto-estima, oscilações grandes do humor,
                                sensação de fracasso e instabilidade nas relações com os demais colegas são as queixas
                                  mais freqüentes.
                                    Crianças com TDAH não diagnosticadas e não tratadas apresentam uma série de prejuízos
                                      no decorrer dos anos. Inicialmente ocorre um baixo rendimento escolar, a criança não
                                        consegue acompanhar sua turma, sendo muitas vezes até reprovada. Perda da auto-estima,
                                          tristeza, falta de motivação nos estudos e prejuízos nos relacionamentos sociais podem
                                            desencadear episódios depressivos graves. Durante a adolescência, os prejuízos acadêmicos
                                              e sociais acarretados podem facilitar abandonos escolares e de faculdade ou propiciar o início
                                                do uso abusivo de drogas e álcool. Possivelmente esses jovens virão a tornar-se adultos
                                                  inseguros, pouco habilidosos socialmente, com menos anos de educação, trabalhando nos
                                                    piores empregos e com maiores dificuldades de serem absorvidos pelo mercado de trabalho.
                                                      O TDAH é um transtorno muito comum e também muito prejudicial ao desenvolvimento
                                                        emocional, acadêmico e social. Por isso, é importante que pais, professores, pedagogos,
                                                          psicólogos e médicos sejam capazes de identificar os sintomas. Quanto mais precoce o
                                                            diagnóstico e o tratamento, mais facilmente evitamos as consequências negativas.
                                                              O tratamento  pode ser feito de forma interdisciplinar (com vários profissionais diferentes
                                                                trabalhando em equipe), com orientação aos pais e professores. A orientação aos pais vai
                                                                  facilitar o convívio familiar, não só porque ajuda a entender o comportamento do portador de
                                                                    TDAH, mas também porque permite ensinar técnicas que auxiliam no manejo dos sintomas e
                                                                      na prevenção de problemas futuros.
                                                                        É importante para os pais perceberem que as crianças hiperativas entendem as regras,
                                                                          instruções e expectativas sociais. O problema é que elas têm dificuldade em obedecê-las.
                                                                            Esses comportamentos são acidentais e não propositais. Por isso, não devem culpar o seu
                                                                              filho por ele ser assim, isso só será pior para ele!
                                                                                É preciso estar preparado para descrever, de forma precisa e objetiva, o comportamento do
                                                                                  seu filho em casa e nas atividades. Se a criança está encontrando dificuldade na escola, é
                                                                                    necessário pedir ao professor que converse com o médio ou envie um relatório por escrito.
                                                                                      No tratamento da criança hiperativa, a meta é ajudá-la a fazer o melhor possível, em casa,
                                                                                        na escola, e com os amigos. Os pais devem lembrar-se de que o filho está lutando com todas
                                                                                          as forças para superar uma deficiência do sistema nervoso. Explique, se preciso for, mas não
                                                                                            se sinta envergonhado ou culpado quando seu filho não se comportar bem.













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