“Meu filho não para quieto, não para nem para comer. Na sala de aula fica se remexendo na
cadeira, levanta sempre e não para, pula, grita. Na hora de fazer o dever de casa é a mesma
coisa, se mexe o tempo todo, o material caí, a lição fica por fazer. Ele está sempre a “mil por
hora” e só “desliga a bateria” quando dorme. Já fui chamada na escola três vezes este mês.
Ele não presta atenção em nada, vive no “mundo da lua”, brinca o tempo todo. Já botei de
castigo, bati, gritei, tirei a televisão e o videogame do quarto... Nada funciona. E ainda por
cima,tem gente que acha que á a mãe que não sabe dar educação ao filho!”
Histórias como esta se repetem diariamente em consultórios médicos e psicológicos e o
grau de sofrimento e desgaste de pais, educadores e da própria criança são incalculáveis.
O TDAH é um dos transtornos comportamentais com maior incidência na infância e na
adolescência. Pesquisas realizadas em diversos países revelam que o TDAH está presente
em torno de 5% da população em idade escolar. Trata-se de uma síndrome clínica
caracterizada basicamente pela tríade sintomatológica: déficit de atenção, hiperatividade e
impulsividade.
Na maioria dos casos, as pessoas com TDAH são inquietas – não permanecem paradas
nem sossegadas por muito tempo e detestam coisas monótonas e repetitivas, além de serem
impulsivas no seu dia-a-dia. São pessoas que vivem trocando de interesses e planos e tem
dificuldades em levar as coisas até o fim. A criança pode apresentar-se inquieta, não
conseguindo permanecer sentada, abandonando sua cadeira em sala de aula ou durante o
almoço de família. Está sempre “a mil por hora” ou como se estivesse “ligado em uma tomada
de 220 volts”, fala em demasia e dificilmente brinca silenciosamente, estando sempre gritando.
Os pacientes com este diagnóstico apresentam prejuízos no desempenho acadêmico e social,
pois têm dificuldade em organizar-se, manter atenção em sala de aula, realizar deveres
escolares ou permanecer sentados ou quietos.
As causas do TDAH ainda não estão bem estabelecidas. Acredita-se em uma origem
que envolve diversos fatores, sendo que o mais importante deles seria a herança genética.
O diagnóstico do T.D.A.H. é essencialmente clínico. Não existem exames laboratoriais
ou de imagem que faça o diagnóstico. A investigação do TDAH envolve detalhado estudo
clínico através de avaliação com os pais, com a criança e com a escola. Escalas de avaliação
padronizadas para pais e professores podem ser utilizadas. A avaliação com os pais deve
abranger uma história detalhada de todo o desenvolvimento da criança ou adolescente
contendo desde a história gestacional da mãe até os dias atuais.
O TDAH caracteriza-se por uma combinação de dois grupos de sintomas que devem
ocorrem frequentemente.
1. Desatenção;
2. Hiperatividade e impulsividade.
Os sintomas de desatenção:
- Prestar pouca atenção a detalhes e cometer erros por falta de atenção,
- Ter dificuldade de concentração (tanto nas tarefas escolares quanto em jogos e brincadeiras)
- Parecer estar prestando atenção em outras coisas numa conversa.
- Ter dificuldade em seguir as instruções até o fim ou deixar tarefas e deveres sem terminar.
- Ter dificuldade de organizar-se para fazer algo ou planejar com antecedência.
- Demonstrar relutância ou antipatia em relação a tarefas que exijam esforço mental por muito tempo (tais como estudo ou leitura)
- Perder objetos necessários para realizar as tarefas ou atividades do dia-a-dia.
- Distrair-se com muita facilidade com coisas à sua volta ou mesmo com os próprios pensamentos.
- É comum que pais e professores se queixem de que estas crianças parecem “sonhar acordadas”.
- Esquecer coisas que deveria fazer no dia-a-dia.
Sintomas de hiperatividade/impulsividade:
- Ficar mexendo as mãos e pés quando sentado ou mexer-se muito na cadeira.
- Ter dificuldade de permanecer sentado em situações em que isso é esperado (sala de aula, mesa de jantar, etc).
- Correr ou escalar coisas, em situações nas quais isto é inapropriado (em adolescentes e adultos pode restringir-se a uma sensação de inquietude por dentro).
- Ter dificuldade para manter-se em atividade de lazer (jogos ou brincadeiras) em silêncio.
- Parecer ser “elétrico” e a “mil por hora”.
- Falar demais.
- Responder a perguntas antes de elas serem concluídas. É comum responder uma pergunta sem lê-la até o final.
- Não conseguir aguardar a sua vez (nos jogos, na sala de aula, em filas etc.).
- Interromper os outros ou intrometer-se nas conversas alheias.
- Existem três tipos de TDAH: